quinta-feira, 24 de junho de 2010

Não entenda.



Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.(Clarice Lispector)

Sou eu, sem entender, por isso fico sem fronteiras. Quando entendemos chegamos até um ponto e paramos, pois já conseguimos entender. Como ainda não consegui entender eu sigo sem limites, por isso fico muito mais completa do que pessoas que já entenderam (não querendo dizer que sou melhor do que elas). E neste ponto de vista de Clarice não entender é bom, porque seguimos tentando entender, sem seguir regras e sem se tornar burro por não conseguir entender, mas sim como uma pessoa inteligente por continuar tentando. EXATAMENTE, não entender, mas não ser burro, é como estar bêbado e não ter bebido uma gota de álcool. Mas às vezes dá vontade de entender um pouco mais, aí provo um pouco do álcool para ver se consigo ficar um pouco mais entendida, só que às vezes acabo ficando bêbada. ;D

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